quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Se aventurar.




A cada passo, as tabuas de madeira emitiam um rangido que é como se estivessem tentando contar de cada historia, que tinha percorrido aquele mesmo caminho. O cais de porto naquela manhã estava nebuloso, com uma garoa fina que se mostrava um alerta do mar, dizendo que ele não estava para brincadeira. A garota consultou o relógio no pulso para ter certeza que não estava trocando o dia pela noite, a escuridão era tão visível que ate mesmo os pássaros já tinham ido em busca de seus ninhos. – Vai ter uma tempestade hoje hein? Um dos marinheiros da região parou ao seu lado acompanhando seu olhar vago. Ela queria ter dito que a tempestade já existia há 23 anos dentro dela, e que estava ali justamente em busca do segredo para driblá-la.
Nenhum dos dois desviou o olhar das águas turbulentas do mar, as ondas se quebravam nas pedras e o branco das espumas a fascinava.  Talvez fosse ali que se encontrava o ponto chave, a brancura, que era um contraste de paz em meio a toda aquela agitação das águas negras.
O segredo, o segredo que procurava, era uma palavra com o nome de coragem. Só que afinal, como sair em busca dessa tal coragem, sem um mapa para mostrar o caminho? É uma missão que deve ser feita sozinha? Ela mesma deveria ser a capitã, e os tripulantes do navio?
O rapaz ao seu lado ergueu o que parecia um saco velho e jogou nas costas, colocou um dos mais belos sorrisos em seu rosto e roubou seus pensamentos. – E então, vai querer uma carona? Apontou para um dos barcos ancorados há alguns metros à frente, a garota não devolveu o sorriso.

- Acredito que não é só uma tempestade que vem por ai, é um bom marinheiro para se aventurar nesse mar?
- Por mais que esse barco esteja meio surrado, ele nunca me deixou na mão em águas perigosas. Então, estou preparado menina. A pergunta é:  Você está?



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